Habilidades investigativas e educação pela
pesquisa: reflexões sobre a iniciação científica no ensino médio
Investigative
skills and education by research: Reflections on scientific initiation in high
school
Resumen
Um dos desafios do ensino médio é
propiciar uma visão holística de mundo ao estudante, para que este possa formar
seu projeto de vida a partir de várias dimensões: culturais, científicas,
tecnológicas e do trabalho. Dessa forma, o presente trabalho visou analisar as
contribuições da iniciação científica no desenvolvimento de habilidades
investigativas que competem a dimensão científica. A pesquisa foi realizada com
124 estudantes de uma Escola Estadual em Coxim-MS de fevereiro a dezembro de
2018. Ao longo de 80 aulas de 50 minutos divididas em momentos de orientação,
acompanhamento e socialização, os estudantes desenvolveram projetos de pesquisa
científica. A pesquisa possui uma abordagem qualitativa e descritiva, a coleta
de dados foi realizada por meio de fontes documentais (plano de pesquisa,
diário de bordo e relatório de pesquisa). A análise dos dados foi realizada a
partir da triangulação de dados a partir dos dados empíricos, análise da
conjuntura e diálogo com autores. Nesse sentido, por meio da análise de dados
realizada, foi possível observar que a iniciação científica pode contribuir
para o desenvolvimento de habilidades investigativas de percepção,
instrumentação, construção conceitual, construção metodológica e construção
social. Entretanto, não foi possível identificar o desenvolvimento de
habilidades metacognitivas, pois estas necessitam um maior grau de complexidade
para abstração em auto avaliar os resultados obtidos em suas pesquisas. Além
disso, reitera-se que nem todos os estudantes desenvolveram todas as
habilidades investigativas, pois assim como na Ciência, a iniciação científica
aqui abordada respeitou a idiossincrasia de cada estudante, valorizando o
protagonismo e a autonomia.
Palavras-Chave: iniciação científica; protagonismo; habilidades
investigativas.
Abstract
Among the biggest challenges of high school is to give students a more
comprehensive view of the word. That helps them to make life projects based on
more than one dimension; cultural, scientific, technology and carrier. With that,
the project focuses on analyzing the cooperation of the scientific initiation
in development of investigative skills that apply to the scientific sense. The
research was carried out with a sample of 124 students from a state school in
Coxim – MS, from February to December 2018. Along of 80 classes of 50 minutes
each one, were made three types of lessons: An orientation, a follow-up and a
socialization one; the students developed science research projects. The
research has a qualitative and descriptive approach, the data collection was
made by documentary sources (research plan, logbook and research report). The
data review was based on data triangulation from empirical data, analysis of
conjuncture and talk with the authors. In that way, by the analysis of data, it
was possible to see how that scientific initiation can help with the progress
of skills like: investigations of perception, instrumentation, conceptual,
methodological and social construction. But it was not possible recognize the
progress of metacognitive skills, due to the need of a broader grade of
complexity to abstraction in self-evaluating the results obtained in their
research. Besides, not every student evolved in all of the research skills,
because as in science, the initiation was in respect to every peculiarity of
the students, looking for more protagonism and self-determination.
Keywords: science education, skills, protagonism, autonomy.
Introdução
O ensino médio no Brasil
é a etapa final da educação básica, em que o estudante deve continuar a
formação do seu projeto de vida, para isso a escola deve assegurar uma
diversidade de experiências que promovam o protagonismo estudantil (Brasil,
2018). Nesse sentido, uma das ações pedagógicas está relacionada a educação
científica que pode contribuir na formação de futuros pesquisadores.
Nesse campo há inúmeras metodologias de ensino que valorizam a educação
científica, como a pedagogia da problematização (Mezirow et al., 2000),
pedagogia do projeto (Taylor e Cranton, 2012), aprendizagem transformadora
(Weimer, 2002), pesquisa como princípio pedagógico (Brasil, 2013) e educação
pela pesquisa (Demo, 2011).
Nessa perspectiva a
pesquisa pode ser considerada como ferramenta para fins científicos e
educativos, ou seja, utilizada como metodologia de ensino para a construção do
conhecimento (Prestes e Silva, 2009).
Além disso, a pesquisa contribui para a tomada de decisões, a capacidade
argumentativa, e auxilia o processo de “saber” e “fazer” aquilo que se é
ensinado (Coelho et al., 2010).
Tais contribuições da iniciação científica, ficam
evidentes quando observamos a sua difusão no Ensino Superior e na Pós
Graduação, que possuem a pesquisa com papel central e requisito obrigatório
para a conclusão de mestrados e doutorados. Entretanto a pesquisa na educação
básica é quase inexistente, e as poucas ações que se têm são elitizadas, ou
seja, voltadas para pequenos grupos (Oliveira e Bazzo,
2016).
Existem diversos motivos que podem justificar
a pouca realização de pesquisas na educação básica, dentre elas, destaca-se a
deficiência na formação inicial de professores, uma vez que no Brasil é comum
trabalhar-se pesquisa nos cursos de bacharelado, e apenas conteúdos e técnicas
de ensino na licenciatura (Massena, 2015). E
ainda a estrutura física limitada das escolas, que possuem internet e
tecnologias (computador/notebook) precárias, bem como, ausência de laboratórios
para a realização de experimentos e investigações.
Dessa forma
ancorados pelas reflexões acima, percebe-se a importância da iniciação
científica no ensino médio para ajudar o estudante a ter experiências na
elaboração do seu projeto de vida. Entretanto, precisamos superar as barreiras
iniciais como a falta de formação de professores, e as limitações estruturais.
Nesse sentido, o presente trabalho, busca compreender: quais as habilidades
investigativas que podem ser desenvolvidas durante a iniciação científica no
ensino médio?
Desenvolvimento
Educação pela Pesquisa:
pressupostos teóricos para seu uso como metodologia de ensino
Para Demo (2017), uma educação científica
requer a habilidade de problematizar, que vai além de encontrar um problema de
pesquisa, mas sim ser capaz de explorar o problema nas suas múltiplas dimensões
políticas, econômicas, sociais, ambientais entre outras. Logo a educação pela
pesquisa vai além de apresentar um problema e pedir para que o estudante
construa hipóteses e investigue pelo método científico, trata-se de desenvolver
no estudante habilidades investigativas, para que este tenha condições de ser protagonista
e exercer sua autoria.
É fato que não existe um roteiro definido para
que o professor promova a educação pela pesquisa, entretanto há pressupostos
que podem nortear o seu fazer pedagógico. Um deles é o questionamento
reconstrutivo, que está correlacionado com a capacidade do sujeito de
problematizar e questionar os acontecimentos de seu contexto histórico social,
aliado ao caráter reconstrutivo que traz um aspecto inovador (Demo, 2011). Cabe ressaltar que inovador não
necessariamente precisa ser algo inédito, mas uma reconstrução daquilo que
existe, ou seja, atribuir novos olhares para o problemas pré-existentes.
Outra condição relevante para o fazer
pedagógico do educar pela pesquisa, é que o professor também seja pesquisador,
capaz de pesquisar aquilo que se ensina, bem como produzir conhecimento
científico sobre aquilo que é ensinado (Becker, 2007). Tal premissa vai ao
encontro do que Demo (2017) propõe sobre alfabetizar o alfabetizador, ou seja,
para que a educação científica seja emancipatória, é preciso que o professor
seja cientista, pesquisador e autor. Trata-se então de refazer o projeto das
licenciaturas no Brasil que possuem todo o foco na aula e na transmissão de
conteúdos, e passar a desenvolver habilidades de estudar, pesquisar, produzir
ensaios, exercer a autoria e fazer ciência.
Além disso, a educação pela pesquisa, deve ser
autoral, em que o estudante tenha condições plenas de exercer sua autoria em
todos os momentos da pesquisa, desde a problematização inicial até a
comunicação dos resultados (Demo, 2015). Para
isso o docente pode utilizar do diálogo, pois como afirma Freire (1987) o
processo de ensino e aprendizagem é mútuo em que educador e educando são
capazes de aprender e ensinar mediatizados pelo mundo.
Inclusive na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) que é um documento norteador do ensino médio, defende o protagonismo
estudantil (Brasil, 2018). Entretanto ressalta-se que para isso é preciso
romper com a visão do ensino tradicional de professor transmissor do
conhecimento, e assumir uma postura mais aberta como mediador.
Enfim, uma vez que a educação científica vai
além dos conteúdos e busca o desenvolvimento de habilidades e competências
científicas, surge a necessidade de entender quais são as habilidades
investigativas podem ser desenvolvidas, bem como, o que se têm pesquisado sobre
esse tema na literatura do Ensino de Ciências.
Habilidades
Investigativas no Ensino de Ciências: o que diz a literatura?
A literatura sobre o desenvolvimento de habilidades investigativas em atividades
de iniciação científica é vasta no que tange seu estudo com discentes do ensino
superior (Bocchino et al., 2012; Herrera et al., 2012; Carrillo-Larco e
Carnero, 2013; Reyes, 2013; Toledo et al., 2013; Herrera, 2013; Rodríguez e
Delgado, 2014a; Rodríguez e Delgado, 2014b; Poveda e Chirino, 2015; Saltos e Bao,
2016; Molina et al., 2016) , entretanto é restrita, pois quando se trata de
pesquisas sobre seu desenvolvimento em discentes de ensino médio é escassa
(Perez, 2014).
O trabalho de Bocchino et al., (2012) foi desenvolvido com um grupo de
professores e acadêmicos da graduação em enfermagem da Escuela Universitaria
Salus Infirmorum da Universidade de Cádiz que desenvolveram projetos
científicos, em um regime semipresencial, no qual algumas atividades foram
realizadas pela mediação de tecnologias como a postagem de itens do projeto
como hipótese e problema de pesquisa em fóruns ou blogs. Os resultados
apontaram a contribuição da tecnologia para a facilitação do desenvolvimento
das pesquisas, e que o ensino pautado em habilidades investigativas aproximou
professores e acadêmicos, aumentando também a produtividade científica da
Universidade. Entretanto o trabalho não evidencia quais habilidades foram
desenvolvidas pelos discentes.
Tratando-se do desenvolvimento de habilidades investigativas em
acadêmicos do curso de medicina Herrera et al. (2012) desenvolveram uma
pesquisa com acadêmicos de todos os anos, professores, vice-diretores e
especialistas em gestão educacional e docência no ensino de medicina da
Universidade de Ciências Médicas de Pinar Del Río. Nesse trabalho após
entrevistas com os participantes os autores elaboraram uma estratégia didática
para o desenvolvimento de habilidades investigativas gerais como: problematizar
a realidade; teorizar a realidade (produzir uma hipótese de solução); comprovar
a realidade (testar a validade da hipótese) e ao final do estudo a estratégia
foi considera como adequada pelos especialistas, mas não foi aplicada e
avaliada pelos autores.
Ainda no contexto específico do ensino de medicina Herrera (2013) aponta
algumas tendências atuais a nível internacional para o desenvolvimento de
habilidades investigativas como “Aprendizagem Baseado em Problemas”, “Modelo
RSD”, “Comissão Boyer para a educação de investigação em universidades”, “Marco
do paradigma cognitivo do currículo”, “Medicina Baseada na Evidência”,
“Programa Institucional de Grupos de Pesquisa” e “Aprendizagem sobre forma de
Pesquisa”, estas tendências apontadas são utilizadas em contextos específicos
para o ensino com estudantes de medicina. Também trabalhando com acadêmicos de
Medicina Carrillo-Larco e Carnero (2013) investigaram a existência de
habilidades investigativas por meio da autoavaliação com acadêmicos do primeiro
ano de Medicina da Universidad Peruana Cayetano Heredia. De acordo com estes
autores os acadêmicos demonstraram habilidades investigativas limitadas, porém
um interesse grande pela carreira de pesquisador.
Além dos estudos com acadêmicos de medicina e enfermagem, Poveda e Chirino
(2015) estudaram por meio de revisão de literatura o desenvolvimento de
habilidades investigativas com acadêmicos de Direito e refletiu sobre o cenário
encontrado na Universidad Privada Domingo Savio de Potosí e constatou que pouco
é feito de estudos nesta área e aponta veemente a necessidade do Estado e dos
docentes universitários fornecerem condições favoráveis para que os graduandos
em Direito possam responder de maneira satisfatória as exigências de sua
formação profissional e do exercício de sua profissão.
Já Molina et al. (2016) traz importantes avanços no estudo da relação
entre habilidades investigativas e iniciação científica na graduação, por
trazer um enfoque diretamente relacionado ao mundo do trabalho, ao qual
analisaram a literatura em função das exigências da indústria de softwares
trabalhadas na Universidad de las Ciencias Informáticas de Cuba. Em seu estudo
os autores ressaltaram a crescente importância da necessidade da formação das
habilidades investigativas na graduação, entretanto apontaram que estas não
estão satisfazendo as exigências da indústria de software que requerem a
solução de problemas científicos cada vez mais complexos e interdisciplinares.
Tratando-se de interdisciplinaridade, desenvolver habilidades
investigativas não é função restrita das disciplinas profissionais, pesquisas
como a de Toledo et al. (2013) que abordou sobre a contribuição da disciplina
de física para o desenvolvimento de habilidades investigativas em acadêmicos de
engenharia biomédica do Instituto Superior Politécnico José Antonio Echeverría
de Cuba. Em um trabalho bastante objetivo os docentes de Fìsica I, II e III
definiram critérios para dirigir o trabalho metodológico da pesquisa e
apresentaram os resultados obtidos por dois trabalhos. Apesar dos bons resultados,
no trabalho houve uma atenção apenas aos resultados da investigação científica
e não ao processo de ensino e aprendizagem e quais habilidades investigativas
foram manifestadas.
As preocupações com a formação de habilidades investigativas no cenário
internacional transcendem ainda o ensino presencial e também é objeto de estudo
de pesquisas no ensino a distância como a de Reyes (2013) desenvolveu uma
estratégia didática para acadêmicos que cursam o bacharelado na modalidade à
distância. Dessa forma o autor propôs três tipos de pesquisas de iniciação
científica como pesquisa documental, pesquisa ação e pesquisa de intervenção
para os acadêmicos do bacharelado a distância, deixando claro que estes tipos
de pesquisas são sugestivas e não limitadas, quanto as habilidades
investigativas o autor discute teoricamente a importância de habilidades
instrumentais (dominar a linguagem, observar, questionar e etc.) e habilidades
sociais (trabalhar em equipe, socializar a construção do conhecimento,
compreender, dialogar e etc.) entretanto a pesquisa se encontra em andamento na
etapa de gerar propostas multidisciplinares e formar uma rede colaborativa de
pesquisadores entre acadêmicos do bacharelado a distância e professores.
Em outra visão Rodríguez e Delgado (2014a) aborda sobre a importância
das habilidades investigativas como eixo transversal para a formação de
pesquisadores na graduação, os autores também realizaram uma revisão de
literatura e trouxeram importantes considerações conceituais para a área, bem como
apontaram uma crítica sobre as produções atuais que abordam apenas o
desenvolvimento e a formação de habilidades investigativas sem refletir sobre a
etapa de orientação de pesquisas e dos modos de atuação dos docentes.
Em contrapartida a crítica de Rodríguez e Delgado (2014a), as autoras Saltos
e Bao (2016) tiveram como objeto de estudo o desenvolvimento de habilidades
investigativas dos docentes de jornalismo da Facultad de Ciencias de la
Comunicación da Universidad Laica “Eloy Alfaro” de Manabí, ao qual refletiram
sobre a prática pedagógica dos docentes e delinearam com base na literatura um
rol de habilidades investigativas que podem auxiliar os docentes na condução de
estratégias didáticas pautadas no processo de ensino e aprendizagem por
investigação científica. Tendo em vista a relevância de se formar um
profissional capaz de solucionar os problemas em seu entorno, é interessante
que o desenvolvimento de habilidades investigativas faça parte da preparação
diária dos docentes, de tal maneira que a prática investigativa se torne
natural em seu cotidiano de atuação docente.
Em outro trabalho Rodríguez e Delgado (2014b) realizam uma análise da
literatura especializada sobre a formação e o desenvolvimento de habilidades
investigativas na graduação, e propõe um primeiro marco teórico sobre as
tendências que tem caracterizado o processo de ensino e aprendizagem, e
refletem no campo conceitual as definições e tipologias das habilidades
investigativas. A respeito das principais tendências atuais de pesquisa na área,
as autoras apontam trabalhos que envolvem a relação das habilidades
investigativas com o processo de formação profissional na graduação; a formação
para a pesquisa a partir da perspectiva do desenvolvimento das habilidades
investigativas; a fundamentação psicológica, pedagógica e didática para o
processo de ensino e aprendizagem.
Ficou evidente aqui que as habilidades investigativas e atividades de
iniciação científica possuem ampla relevância na área educacional pela
quantidade de pesquisas na área e pelas contribuições para a formação de
profissionais mais capacitados para a carreira de pesquisadores e também
prontos para a resolução de problemas cotidianos. Entretanto esta realidade de ensino é um
privilégio para o ensino superior, enquanto no ensino fundamental e médio
continuam se utilizando metodologias tradicionais pautadas na transmissão do
conhecimento. Além das pesquisas terem como foco o ensino superior, percebe-se
ainda pesquisas oras superficiais que colocam em prática o ensino pautado em
habilidades investigativas e não as avaliam outrora apenas revisões de
literatura sobre o ensino fundamentado em habilidades investigativas.
Uma das primeiras iniciativas de pesquisas com discentes da educação
básica é a de Perez (2014) que avaliou as habilidades investigativas
desenvolvidas por meio de uma atividade de iniciação científica com discentes
do 1º ao 5º Grau do ensino secundário da I.E Inca Garcilaso de La Vega del
distrito de Mórrope, provincia de Lambayeque no Peru. Nesta pesquisa a autora
solicitou que graduandos da Universidad César Vallejo Chiclayo orientassem as
atividades de iniciação científica e por meio de questionários prévios e
posteriores constatou o desenvolvimento de habilidades investigativas
específicas como formular um problema de pesquisa, produzir uma revisão de
literatura, realizar citações bibliográficas entre outras. As contribuições
desta pesquisa são relevantes como ponto de partida para o trabalho de
habilidades investigativas aliadas a atividades de iniciação científica na
educação básica, pode expandir horizontes para além de preparar os discentes
para resolver problemas cotidianos por meio de pesquisas científicas também
contribuir para o aprendizado em disciplinas tradicionais do currículo como
química, física, matemática e etc.
Metodologia
Contexto
da Pesquisa
A realização da presente pesquisa foi em uma Escola Estadual situada em
Coxim-MS no ano letivo de 2018 entre os meses de fevereiro a dezembro. Nessa
escola o Ensino Médio é ofertado em tempo integral, e o currículo compreende as
disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (Química, Física, Arte, Língua
Portuguesa e etc) e a Parte Diversificada com disciplinas eletivas de iniciação
científica, protagonismo juvenil e cultura corporal, além de estudo orientado
para aprofundamento em Linguagens e Matemática e a disciplina de Projeto de
Vida. A intervenção didática aqui proposta foi realizada com as cinco turmas da
escola contemplando as três séries (1ª, 2ª e 3ª), em que participaram 124
estudantes.
O componente curricular de iniciação científica possui uma carga horária
semanal de duas aulas de 50 minutos. A distribuição das atividades por aula,
aconteceram conforme o quadro 1.
Quadro 1
Organização
da intervenção didática
Atividade |
Período |
Quantidade de
Aulas |
Elaboração de
Projeto |
1º Bimestre |
24 aulas |
Desenvolvimento da Pesquisa |
2º e 3º Bimestre |
36 aulas |
Comunicação de
Resultados |
4º Bimestre |
20 aulas |
Fonte: Autoria Própria
Os estudantes optaram em desenvolver a pesquisa individualmente ou em
grupos de dois ou três estudantes conforme o regulamento de feiras científica
de nível médio. Ao longo de todas as aulas, a dinâmica das aulas consistiu em
três momentos sendo:
1º Orientação: Nesses momentos o professor apresentava por meio de aula
expositiva e dialogada temas para a discussão como: projeto de pesquisa, método
científico, relatório de pesquisa, diário de bordo entre outros.
2º Acompanhamento: Eram momentos de reunião particular de 10 a 15
minutos para acompanhar o desenvolvimento e discutir os desdobramentos de cada
pesquisa.
3º Socialização: Em que tinham reuniões coletivas para os estudantes
apresentarem o andamento de suas pesquisas para todo o grupo.
Delineamento da Pesquisa
A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa por reunir dados
descritivos por meio da relação direta entre o pesquisador e o contexto de
estudo, primando pelo processo em detrimento do produto, atentando-se em
retratar a ótica dos participantes da pesquisa (Bogdan e Biklen, 2003). A opção
por esta natureza foi a ênfase do trabalho em analisar o desenvolvimento das
habilidades investigativas ao longo de toda a intervenção didática e não apenas
o produto da pesquisa obtido pelos discentes.
Quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa descritiva, que para Gil
(2008) consiste na descrição das características obtidas no estudo, assim como,
a proposição de relações entre as variáveis estudadas. A escolha da pesquisa
descritiva se deu pela finalidade da descrição das habilidades investigativas
desenvolvidas pelos discentes durante as atividades de iniciação científica.
Esta pesquisa também se enquadra como pesquisa de campo pois o pesquisador
conduzir a intervenção didática e coletou dados em sala de aula (Marconi e
Lakatos, 2003).
Outra técnica de pesquisa primordial para este trabalho foi a pesquisa
documental, que difere da pesquisa bibliográfica no que a tange a análise de
textos oriundos de fontes primárias e que não foram tratados analiticamente
(Gil, 2008). A utilização da pesquisa documental trabalha tanto com textos de
domínio público ou de acervo privado, nessa pesquisa, uma peça chave para
análise do desenvolvimento de habilidades investigativas foi o diário de bordo
que consta todos os registros dos discentes durante a intervenção didática.
Coleta de Dados
Nesta pesquisa, a coleta de dados foi realizada por meio da pesquisa
documental a partir dos instrumentos, plano de pesquisa, diário de bordo,
relatório de pesquisa e banner científico, que para Marconi e Lakatos (2003)
são fontes documentais retrospectivas coletadas pelo pesquisador após o
acontecido. Uma breve descrição dos itens coletados se encontra a seguir:
- Plano de Pesquisa: contendo o problema de pesquisa, a hipótese de
solução e os métodos a serem utilizados no projeto de pesquisa;
- Relatório de Pesquisa: detalhamento de toda a pesquisa desenvolvida
contendo uma introdução, revisão de literatura, objetivos, metodologia,
resultados e discussão, considerações finais e referências bibliográficas;
- Diário de Bordo: instrumento em que os participantes do projeto
relatam minuciosamente de maneira cronológica os passos com todos os erros e
acertos da pesquisa para que os avaliadores possam ter maior ciência do
percurso metodológico seguido pela pesquisa.
Esses instrumentos foram escolhidos por serem requisitos para a
apresentação dos estudantes em feiras científicas pré-universitárias. Todos os
estudantes apresentaram suas pesquisas na Feira de Ciências e Inovação do Norte
de Mato Grosso do Sul (FECINORTE) organizada pela Escola Estadual Viriato
Bandeira, e conforme o desempenho, alguns projetos foram selecionados para a
apresentação na Feira de Ciência e Tecnologia de Coxim (FECITECX) organizada
pelo IFMS campus Coxim, outros para Feira de Tecnologia, Engenharia e Ciências
de Mato Grosso do Sul (FETECMS) organizada pela UFMS, outros na Feira
Brasileira de Ciências e Engenharias (FEBRACE) organizada pela USP, outros na
Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (MOSTRATEC) organizada pela
Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha e outros na Milset Expo-Sciences em
Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos.
Tratamento e Análise de Dados
Uma
etapa imprescindível que se situa entre a coleta e a análise dos dados é o
tratamento dos dados que Flick (2004) compreende como relevante para a
transição dos “dados brutos” para os dados sistematizados fornecendo melhores
condições posteriores para sua análise. Nesta etapa foi realizada a leitura
minuciosa dos instrumentos coletados.
Para análise dos dados, utilizou-se o processo de triangulação de
métodos (Figura 1) que para Vieira e Andrade (2014) permite a articulação entre
o preparo dos dados coletados e a análise propriamente dita utilizando diversos
procedimentos empregados. De acordo com os mesmos autores é fundamental a
articulação entre três aspectos, sendo o primeiro correspondente aos dados
empíricos que nesta pesquisa são (plano de pesquisa, diário de bordo e
relatório de pesquisa), o segundo é caracterizado pelo diálogo entre
pesquisadores que atuam na temática da pesquisa e o terceiro aspecto seria a
análise da conjuntura, ou seja, o conjunto de acontecimentos vivenciados no
processo de ensino e aprendizagem de forma mais ampla. Podemos relacionar estes
aspectos da seguinte forma:
Figura 1
Aspectos da
Triangulação de Métodos.
Fonte: Vieira e Andrade
(2014)
Para Gomes et al., (2010) ao longo desta triangulação de métodos o
pesquisador passou por três processos interpretativos, cujo primeiro trata-se
da valorização do fenômeno e da técnica de coleta de dados, caracterizada por
três etapas (transcrição dos dados, pré-análise e categorização), para auxiliar
neste processo interpretativo será utilizado à análise de conteúdo Bardin
(2009), pois investiga o que está sendo dito sobre determinado tema, produzindo
categorias que permite melhor compreensão dos dados coletados. No segundo
processo interpretativo preconizou-se a avaliação triangulada dos dados por
meio de uma leitura aprofundada e reflexiva do material categorizado,
confrontando os dados e inferindo possíveis convergências ou divergências, em
seguida por meio das reflexões emergentes etapa anterior, o pesquisador
investigou possíveis relações com outros autores da literatura que pesquisaram
a mesma temática, finalizando este segundo processo com uma análise da
conjuntura que permitirá uma visão mais holística das situações analisadas,
levando a considerações sobre os aspectos que nortearam o “olhar” utilizado
sobre os dados (Gomes et al., 2010).
Enfim,
no terceiro processo interpretativo buscou-se a reflexão sobre as inferências
levantadas sobre a análise dos dados empíricos triangulando com as
considerações da literatura e com a análise da conjuntura propiciando a
transição do contexto particular da pesquisa para uma observação mais ampla da
realidade.
Resultados e Discussões
A partir da intervenção didática ministrada,
foram realizadas 62 pesquisas científicas com os 124 estudantes participantes.
A área do conhecimento da pesquisa não foi imposta aos estudantes, logo eles
tiveram liberdade para a elaboração da pesquisa em qualquer área do conhecimento.
Para isso, como o pesquisador e docente da disciplina possui formação apenas em
Matemática, Química e Física, para melhor desenvolvimento das pesquisas, os
demais professores do corpo docente atuaram como coorientadores da pesquisa. No
quadro 2 é possível ver a distribuição das pesquisas por área do conhecimento.
Quadro 2
Distribuição das Pesquisas por Área do Conhecimento
Área do
Conhecimento |
Quantidade de
Projetos |
Ciências Exatas e
da Terra |
8 |
Ciências Humanas e Sociais |
10 |
Ciências Agrárias |
9 |
Ciências da Saúde |
13 |
Ciências
Biológicas |
9 |
Ciências da Computação |
8 |
Engenharias |
5 |
Fonte: Autoria Própria
Para
a análise do desenvolvimento de habilidades investigativas ao longo da
intervenção didática, utilizou-se como referência o aporte teórico de Moreno (2005)
que desenvolveu um perfil de habilidades investigativas comumente
desenvolvidas, que podem ser agrupadas em sete núcleos:
-
Habilidades de Percepção (Sensibilidade aos fenômenos, intuição, extensão da
percepção e percepção seletiva);
-
Habilidades Instrumentais (Dominar a leitura e a escrita, inferências,
induções, deduções, análise, síntese, interpretação, observação e capacidade de
questionar);
-
Habilidades de Pensamento (Pensar criticamente, reflexivamente, de maneira
autônoma e a flexibilidade do pensamento);
-
Habilidades de Construção Conceitual (Apropriar e reconstruir ideias, gerar
novas ideias, organizar, expor e defender ideias, problematizar, delinear e
construir um objeto de estudo e realizar sínteses conceituais);
-
Habilidades de Construção Metodológica (Construir o método de pesquisa,
observações, instrumentos de avaliação, organizar, sistematizar e analisar os
dados coletados);
-
Habilidades de Construção Social (Trabalhar em grupo, socializar o processo de
construção do conhecimento, socializar o conhecimento e comunicações dos
resultados);
-
Habilidades Metacognitivas (Autoavaliar a relevância das ações intencionais da
pesquisa para a geração de conhecimento, reavaliar a aproximação do objeto de
estudo, questionar a consistência e a validade dos produtos obtidos pela
pesquisa).
Para
facilitar a discussão, dividimos a análise em quatro categorias conforme os
instrumentos de dados coletados que são: plano de pesquisa, diário de bordo e
relatório de pesquisa.
Análise do Plano de Pesquisa
O
plano de pesquisa é o ponto de partida em que os estudantes vão planejar a
realização da pesquisa, nesse instrumento conforme o Anexo 1, precisava ser
elaborado um título, o problema de pesquisa, a hipótese, e a possível
metodologia, além das três principais referências consultadas para a elaboração
do projeto de pesquisa.
Alguns
dos problemas de pesquisa elaborados pelos estudantes foram:
Grupo
1: “Quais são as percepções sociais dos estudantes da Escola Viriato
Bandeira sobre o tema violência contra a mulher? E quais as percepções acerca da igualdade de gênero?”
Grupo 2: “Quais são as possíveis alternativas para a diminuição do
consumo de carnes defumadas a base de alcatrão e outros produtos tóxicos?”
Grupo 3: “Como produzir sabonetes e hidratantes sem uso de produtos
químicos ou de origem animal?”
A priori, observa-se que os problemas de pesquisa
identificados possuem relação com o cotidiano dos discentes que se preocuparam
com o enfrentamento da violência contra a mulher, ou a busca por consumo de
alimentos mais saudáveis, e ainda o uso de produtos para higiene pessoal menos
agressivos a pele.
Nessa fase, os planos de pesquisa permitem a
inferência de que os estudantes mobilizaram habilidades investigativas dos
núcleos de percepção e pensamento. Principalmente as habilidades inerentes a
percepção auxiliaram os estudantes a refletirem sobre o mundo a sua volta e
buscar a escola e a ciência para melhorar sua qualidade de vida e minimizar
problemas sociais. Esse fator é coerente com a educação pela pesquisa que
possui um caráter emancipatório (Demo, 2017), em que o estudante percebe que os
conhecimentos adquiridos na escola podem ir além de ser bem avaliados em
provas, mas também contribuir para a transformação social.
Ainda
no plano de pesquisa, podemos elencar algumas hipóteses criadas pelos
estudantes como:
Grupo 1: “Nossa hipótese é de que
alguns estudantes apresentam uma visão estereotipada sobre os gêneros com uma
óptica machista e opressora”
Grupo 2: “Analisar a
aceitabilidade da carne de frango defumada a partir de fumaça liquida como
alternativa ao alcatrão”
Grupo 3: “Produzir sabonetes e
hidratantes há base de produtos naturais como semente de maracujá”
A partir das hipóteses percebe-se que reiteram a busca pela emancipação
social, como por exemplo, o grupo que estuda a violência contra a mulher, que
buscou entender o problema a partir da visão das pessoas da comunidade, para
então desconstruí-lo buscando uma sociedade mais igualitária. Tal busca pode
ser um indício de que essa intervenção didática tem potencial de ser
libertadora, afim de liberar as “amarras” dos oprimidos (Freire, 1987). No que
tange as habilidades investigativas, trata-se do desenvolvimento das
habilidades de pensamento, por meio do exercício da reflexão e da auto crítica.
Diário de Bordo
O diário de bordo foi essencial para compreender as habilidades
investigativas desenvolvidas durante a fase de execução da pesquisa, pois nesse
instrumento registrou-se todas as ideias, nuances, desdobramentos, erros e
acertos de cada pesquisa. Os principais núcleos observados pelos registros dos
estudantes foram habilidades instrumentais, conceituais, metodológicas e
sociais.
As habilidades instrumentais se desenvolveram em geral na fase de
revisão da literatura, em que nos diários de bordos apareceram registros de
fichamento de artigos científicos que serviram de base para o desenvolvimento
da pesquisa. A leitura de artigos científicos serviu para desenvolver as
habilidades de realizar leituras, análises, inferências e sínteses sobre o
objeto de estudo. Na figura 2 podemos observar o registro de um diário de bordo
que manifestou as habilidades instrumentais.
Figura 2
Registro de
Análise de Artigo Científico
É notório que houve um cuidado da estudante de usar um artigo científico
como fonte de pesquisa, pois ela identificou em seu fichamento dados cruciais
como título, autor e revista de publicação, além disso percebe-se que houve a
preocupação em produzir inferências, pois além da síntese do artigo, a
estudante manifestou deduções a respeito do seu objeto de estudo que era a
alimentação de pessoas. Tratando-se do nível de ensino médio é um avanço
significativo promovido pela educação pela pesquisa, uma vez que é comum os
estudantes utilizarem como fontes de pesquisa sites e blogs sem credibilidade
científica para suas pesquisas escolares.
Outras habilidades manifestadas foram as do núcleo metodológico, em que
constam registros procedimentais sobre a produção da barra de cereal com alto
valor proteico para vegetarianos. Além disso, existem registros de técnicas de
pesquisa para a investigação da aceitabilidade do produto, como por exemplo, o
uso de análise sensorial.
E ainda, nos momentos de reuniões coletivas, constam registros da
discussão dos resultados parciais com os colegas, que podem ter desenvolvido
habilidades de construção social, em que os estudantes socializaram as ideias e
resultados e registraram no diário de bordo, ideias e críticas de outros estudantes
para melhorar a pesquisa.
Relatório de Pesquisa
O relatório de pesquisa é um instrumento que permite oficializar os
resultados obtidos com detalhe para que outras pessoas possam replicar a
pesquisa realizada e investigar a reprodutibilidade. Nesse sentido, os dados
que foram registrados informalmente no diário de bordo, foram transcritos no
relatório utilizando-se a escrita científica.
Aqui é um instrumento em que o estudante pode exercer a autoria conforme
preconiza Demo (2015), em que o discente é livre para produzir seu relatório e
comunicar os resultados finais de sua pesquisa para a comunidade acadêmica que
são graduados, especialistas, mestres e doutores nas diversas áreas do
conhecimento e que são parceiros da escola, exercendo a função de avaliadores
nas feiras científicas, fornecendo um feedback valioso para os estudantes.
Dentre as habilidades investigativas aqui
desenvolvidas estão as instrumentais, de construção conceitual e construção
metodológica, a partir da produção da introdução, objetivos, metodologias,
resultados e discussões, considerações finais e referências. Tais observações
foram ao encontro dos resultados obtidos por Perez (2014) em que estudantes do
ensino secundário, equivalente ao ensino médio no Brasil, desenvolveram habilidades
inerentes a formulação de problemas, produzir revisão de literatura e realizar
citações bibliográficas, entretanto por meio do relatório evidencia-se que os
estudantes público-alvo dessa pesquisa foram além e conseguiram empregar
diversos métodos e técnicas de pesquisa como entrevistas, análise sensorial,
pesquisa documental, pesquisa de campo, análise de questionários entre outros.
Conclusões
A partir dessa pesquisa foi possível verificar que educação pela
pesquisa é uma estratégia didática que pode contribuir para o desenvolvimento
de habilidades investigativas de percepção, instrumentação, construção
conceitual, construção metodológica e construção social. Entretanto não foi
identificado habilidades investigativas metacognitivas, pois estas requerem uma
maturidade intelectual complexa para serem capazes de auto avaliar os
resultados obtidos com criticidade, bem como, reaproximar do objeto de
pesquisa.
Além disso, nem todos os estudantes desenvolveram habilidades
investigativas de todos os núcleos, pois assim como a pesquisa e a ciência, o
caráter idiossincrático é preponderante, ou seja, cada estudante pesquisador
possui uma singularidade em conduzir sua pesquisa. Logo o docente não pode
esperar que todos os discentes tenham o mesmo desenvolvimento.
E ainda, a educação pela pesquisa pautada no exercício da autoria
demonstrou que é possível oferecer uma educação emancipatória, e libertar as
amarras do oprimido, mas para isso é preciso libertar-se da aula conteudista e
focar em propostas didáticas como essa para o desenvolvimento de habilidades
investigativas em consonância com a aprendizagem.
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[1] Universidade
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